A MORTE NÃO TEM MAIS A ÚLTIMA
PALAVRA!
[Jo
20,1-9]
Pedro
e Madalena representam, aqui, a comunidade que ainda duvidava da ressurreição de
Jesus. Estavam em busca de provas e elementos que dessem sentido à vida deles,
uma vez que, aquele em quem confiavam, morrera na cruz.
Quando
o evangelho menciona “o primeiro dia da semana”, remete o leitor à criação do
mundo, narrada pelo Gênesis, para mostrar que a Ressurreição de Jesus é a Nova
Criação. O fiel cristão, batizado, entra numa vida nova, na Nova Criação de
Deus. O mundo velho passou. Agora, é tudo novo.
A
“madrugada” lembra o alvorecer que desfaz as trevas da morte. Agora a vida
brilhou no horizonte. A madrugada, embora traga em si o sinal do dia, possui
também uma penumbra que impede de enxergar com clareza. É o que acontecia com
Maria Madalena: “ainda estava escuro”. A comunidade ainda estava
temerosa.
A
“pedra removida” e o “túmulo vazio” são sinais de que algo novo aconteceu. É um
sinal negativo da ressurreição. Esses sinais indicavam que Jesus não estava ali,
porém não garantiam sua ressurreição. O “túmulo vazio” não é prova da
ressurreição. A fé na ressurreição não vem da visão, mas da experiência. As
“aparições” de Jesus ressuscitado é que vão consolidar a fé dos discípulos. É o
dado da fé. Uma realidade que transcende a razão. Não contradiz a razão, mas
está para além da compreensão puramente racional. Por isso Santo Agostinho dirá:
“Credo ut intelligam”: Creio para compreender. Nós cremos pelo testemunho de fé
da comunidade. A fé nos é transmitida. Cremos na experiência que outros fizeram.
Fazendo nós também essa experiência, transmitimo-la àqueles que a
buscam.
Pedro
e o “outro discípulo” vão correndo ao túmulo. O “discípulo amado” chega primeiro
que Pedro. Quem ama tem pressa. Ele “viu, e acreditou”. É o amor que faz
reconhecer na ausência (túmulo vazio) a presença gloriosa do Cristo
ressuscitado. Agora o discípulo entende o que significa “ressuscitar dos
mortos”. Agora eles veem, não com os olhos humanos, mas com os olhos da fé.
Agora estão iluminados pelo sopro do Espírito Divino que animou
Jesus.
Nenhum
evangelista se atreveu a narrar a ressurreição de Jesus. Não é um fato
“histórico” propriamente dito, como tantos outros que acontecem no mundo e que
podemos constatar e verificar. É um “fato real”, que aconteceu realmente. Para
nós cristãos, é o fato mais importante e decisivo que já aconteceu na história
da humanidade. Um acontecimento que traz um sentido novo à vida humana, que
fundamenta a verdadeira esperança, que traz um sentido para uma das realidades
mais angustiantes do ser humano: a morte. Esta não tem mais a última palavra. Em
última instância, é crer que Deus não abandona aqueles que o amaram até o fim,
que tiveram a coragem de viver e de morrer por Ele.
O
núcleo central da ressurreição de Jesus é o encontro que os discípulos fizeram
com ele, agora cheio de vida, a transmitir-lhes o perdão e a paz. Daqui brota a
missão: transmitir, comunicar aos outros essa experiência nova e fundante de
suas vidas. Não se trata de transmitir uma doutrina, mas despertar nos novos
discípulos o desejo de aprender a viver a partir de Jesus e se comprometer a
segui-lo fielmente.
Pe. Aureliano de Moura Lima,
SDN
MANHUMIRIM,
MG
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