3º Domingo da
Páscoa [14 de
abril de 2013]
SEM JESUS NADA É POSSÍVEL
[Jo
21,1-19]

A
descrição do encontro de Jesus com os discípulos à beira do Mar da Galileia tem
clara intenção catequética. O evangelho quer mostrar que, somente com a presença
de Jesus é que o trabalho evangelizador tem eficácia. Não adianta querer confiar
somente em si mesmo, nas próprias forças. O trabalho resulta em vão. Outro
elemento fundante no relato é o do amor. A liderança que não ama a Jesus na
pessoa dos irmãos mais pobres, não dá conta de agir em nome do Mestre. Vai
desanimar, pois está anêmica.
O
trabalho se deu à noite. Ou seja, a vida para os discípulos estava obscura.
Passavam, provavelmente, por perseguições e dificuldades de todo tipo. Não se
pode esquecer de que os discípulos seguem a iniciativa de Pedro, o líder, mas
sem a presença de Jesus. Não adianta enfrentar a “escuridão” confiando nas
próprias forças. É um trabalho sem frutos. Sem a presença de Jesus ressuscitado,
sem a luz de sua palavra, não há evangelização fecunda, frutuosa.
“Ao
amanhecer”, ou seja, sob a luz da presença de Jesus e alimentados por sua
palavra, conseguem surpreendente resultado. É a luz que brilha nas trevas da
noite. Eles só reconhecem a Jesus quando seguem, com docilidade, as indicações
de sua palavra. Ninguém se faz missionário, evangelizador por si mesmo. É a
Palavra de Deus que nos constitui. É ela que nos recria e nos orienta. Por isso
dizia Santo Agostinho: “Creio para compreender”. Ou seja, precisamos seguir a
Palavra de Jesus para acreditarmos na sua presença fecundante entre
nós.
Uma
das dificuldades que encontramos em nossas comunidades é o excesso de trabalho.
Sempre as mesmas pessoas tentando dar conta de inúmeras atividades dentro da
comunidade. Há excessiva preocupação com o rendimento, com resultados,
quantificação; e um descuido em manter a presença viva do Ressuscitado no
trabalho pastoral. Em que isso vai dar? Cansaço inútil, desânimo, abandono. O
relato do evangelho de hoje nos indica que, o mais importante não é fazer muitas
coisas, mas cuidar melhor da qualidade humana e evangélica do que
fazemos.
Pe.
Pagola usa uma expressão que nos ajuda a pensar em nossas práticas pastorais:
“Não podemos cair na ‘epiderme da fé’. É tempo de cuidar, antes de tudo, do
essencial. Enchemos nossas comunidades de palavras, textos e escritos, porém, o
decisivo é que, entre nós, se escute a Jesus. Fazemos muitas reuniões, porém a
mais importante é a que nos congrega a cada domingo para celebrar a Ceia do
Senhor. Somente nele se alimenta nossa força evangelizadora”.
Junto
a essa reflexão, é preciso atentarmos também para a importância de uma fé
“informada pela caridade”. É nessa direção que o evangelho de hoje nos aponta
quando mostra Jesus pedindo a Pedro: “Tu me amas?”. A liderança da comunidade
precisa alimentar um amor profundo por Jesus para aguentar os embates e desafios
da missão. E este amor se concretiza no amor aos irmãos, particularmente aos
mais necessitados. Não se trata de um amor de amizade ou de bem-querer. Trata-se
de um amor-ágape. É aquele amor que enfrenta a morte, que empenha a vida, que
assume as últimas consequências como Jesus, como Maria, como os santos.
Amor-doação, ou amor-sacrifício, na expressão do Pe. Júlio Maria De Lombaerde,
fundador dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora, das Irmãs
Cordimarianas e Sacramentinas de Nossa Senhora.
Precisamos
dar uma olhadinha para nossas comunidades e nossa vida de fé. Que lugar ocupa
Jesus ressuscitado em nossas atividades? O essencial tem sido o fazer ou a vida
de intimidade com Ele? Partimos dele ou partimos de nós? Os trabalhos que
fazemos na comunidade são em função de nossa projeção e reconhecimento social ou
para que o Reino de Deus se realize na história? Onde estamos?
Pe. Aureliano de Moura Lima,
SDN
MANHUMIRIM,
MG
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