domingo, 17 de novembro de 2013

Perseverar no caminho do bem


mosaico-do-jesus-cristo-16365292 O chamado “discurso escatológico” de Jesus não tem como propósito assustar os discípulos, fazer-lhes medo, mas infundir-lhes confiança nas outras palavras de Jesus. É como se dissessem: ‘O Senhor não os enganou. Aquilo que predissera, aconteceu’. A perseguição aos seus seguidores acontece: “O discípulo não é maior do que o mestre”.
A intervenção de Deus na história, na pessoa de Jesus de Nazaré, introduz a novidade de que a salvação é para todos. Jerusalém é condenada porque traiu sua missão. Em vez de ser sinal da salvação de Deus para todos os povos, fechou-se no seu particularismo, apodrecendo sem gerar vida. A fidelidade de Deus é traída pela infidelidade de um povo escolhido. Sendo a salvação o encontro de duas fidelidades, Jerusalém não corresponde. Jesus, o Filho Amado, permanece fiel e garante a salvação a todos.
Embora esteja garantida a salvação, permanece, porém a incompletude enquanto depende da resposta de cada ser humano. É uma promessa que espera ser completada. É um dom que supõe conquista. A fidelidade de cada um deve encontrar eco na fidelidade de Jesus ao Pai.
Deus salva o indivíduo na comunidade. A Igreja tem, pois, a missão de quebrar as barreiras que separam a humanidade. A divisão, a ganância, o egoísmo, o preconceito, o fechamento são atitudes pecaminosas que bloqueiam a salvação.
As obras suntuosas, as pessoas famosas, as beldades, a fama, o sucesso passarão. Só não passará o amor de Deus testemunhado pela firmeza e fidelidade daqueles que são apaixonados pelo Reino e têm a coragem de entregar a vida. “Quem procurar ganhar sua vida, vai perdê-la, e quem a perder vai conservá-la” [Lc 17,33].
A propósito da segunda leitura de hoje: [2Ts 3,10] “Quem não quer trabalhar também não há de comer”, é bom entender que Paulo diz para o cristão não ficar parado. É preciso agir, fazer alguma coisa, não esperar que as coisas caiam do céu. Um mundo novo é construído a partir do empenho de cada um. Quem pensa que basta ir à igreja para se salvar está traindo o projeto de Jesus. É preciso “trabalhar” a salvação e a libertação de si próprio, do mundo e da história. Cada um dentro de suas possibilidades e dons. É preciso ser firme até o fim!
Gostaria ainda de chamar a atenção do leitor para duas realidades assinaladas pelo evangelho de hoje:
A primeira é a chamada de Jesus para que o discípulo não se deixe enganar. Já notaram que a enganação e a mentira correm às soltas em nosso meio? É gente vendendo “gato por lebre”, é gente enganando o povo em nome de Deus, é gente prometendo mundos e fundos para ganhar a eleição, é gente vendendo a pílula da felicidade. Enfim, há quem venda e há quem compre; há quem engane e há os que se deixam enganar. Há carência de reflexão, de ponderação, de objetivos claros e definidos. Num momento de crise de sentido, há muita religiosidade: os espertalhões e charlatões se aproveitam das buscas e desesperos do ser humano para “vender seu peixe” e enganar os incautos e ingênuos. Cuidado!
A segunda realidade apontada por Jesus é a necessidade da perseverança: “É pela perseverança que mantereis vossas vidas”. O termo grego que traduz perseverança pode traduzir também paciência. É imprescindível a paciência para se conseguir a preservação da vida e se alcançar a salvação. Paciência não é um mero gesto de suportar uma palavra que desagrade ou aguentar um desaforo. Mas é uma atitude de vida que nos coloca diante de Deus e da vida com serenidade, fidelidade, alegria mesmo em meio a sofrimentos, perseguição e incompreensão. Quero dizer que é uma virtude que precisamos cultivar, pois sem ela nossa salvação corre risco. Os encantos enganosos da vida, a fama, o sucesso, as honrarias, o dinheiro, nada disso nos poderá tirar do centro vital no qual o Senhor nos colocou com sua morte e ressurreição.

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN
MANHUMIRIM, MG

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