24º Domingo do Tempo Comum
[15 de setembro
de 2013]
Deus tem preferência por quem mais
precisa
[Lc
15,11-32]

A ovelha perdida, a
moeda perdida e o filho perdido lembram o grande amor do Pai que sempre está em
busca, procura até encontrar. E encontrando, faz festa!
O pensamento
mercantilista da sociedade contemporânea jamais concordará com a atitude do
pastor: deixar as noventa e nove para buscar uma única que estava perdida. Diria
o mercantilista: “Ocupa-te com os ‘bons’, com os que ‘rendem’, pois com os
outros perdes teu tempo. Enfraquece-os e deixa-os morrer”. Essa mentalidade se
faz presente naquela ideia de que o padre ou o agente de pastoral não tem que
ficar visitando as vilas e favelas, os empobrecidos que não frequentam a igreja.
Devem-se ocupar do grande grupo. Não seria melhor que uma ovelha se perca do que
o rebanho todo? É a lógica do mercado. Bem lembrada a comparação: o motorista
não se preocupa com o que funciona bem no carro, mas com o que está com defeito.
Ainda existem em nós
atitudes farisaicas. Gostamos de resolver os ‘casos difíceis’ pela expulsão ou
repressão. Já Deus opta pela reconciliação.
O filho mais velho
representa aqui o fariseu que contabiliza suas práticas religiosas, mas mantém
um coração longe de Deus. Sabe cumprir os mandamentos, mas não sabe amar. Não
consegue entender o amor de seu pai para com o filho perdido e encontrado. Não
acolhe nem perdoa. Não quer saber de seu irmão. Aliás, nem o reconhece como
irmão: “Este teu filho”, diz ao pai. Como se dissesse:
“Não é meu irmão”. E o pai se dirige a ele com toda ternura: “Meu filho, tu
estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu”.
O filho mais velho
nos interpela, a nós que acreditamos viver juntos do Pai. O que estamos fazendo
que não abandonamos a Igreja? Será que não estamos apenas cumprindo ritos e
tarefas, talvez com medo de ir para o inferno, ou apenas por formalidade social
e para manter a tradição: “Meu pai era católico... e me batizou na Igreja
católica!” E a vida continua como se a religião não fizesse nenhuma diferença no
cotidiano.
Precisamos reconhecer
a alegria de estarmos sempre na presença de Deus, de podermos experimentar o seu
amor. Sejamos como o pai que se alegra com a volta do filho que se afastou.
Ajudemos as pessoas a encontrar o caminho de volta para a casa patern.
Aliás, um elemento
significativo das três parábolas deste domingo é a alegria do reencontro. E uma
alegria compartilhada com amigos e vizinhos. O único que se aborreceu foi o
filho mais velho. Aquele que se julgava dentro de casa, que estava com o Pai.
Mas não estava, visto que visava recompensa, e não vivia na gratuidade. Vivia
pela lei e não pelo amor.
A alegria da volta à
casa do Pai deve ser um distintivo de nossa vida cristã celebrada em comunidade.
As ofensas que por vezes ocorrem precisam ser perdoadas para que nossa vida de
comunidade possa ser celebrada com mais alegria. Dá o que pensar a observação de
Leonardo Boff: “As pessoas de hoje não aceitam mais uma Igreja autoritária e
triste, como se fosse ao próprio enterro. Mas estão abertas à saga de Jesus, ao
seu sonho e aos valores evangélicos”.
Como lidamos com os
afastados da comunidade? Qual tem sido nossa ação missionária junto dos mais
pobres e abandonados? Com quem temos sido mais parecidos: com o Pai? Com o filho
mais velho? Com o filho mais novo?
Pe. Aureliano de Moura Lima,
SDN
MANHUMIRIM,
MG
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