sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Deus tem preferência por quem mais precisa

24º Domingo do Tempo Comum [15 de setembro de 2013]
Deus tem preferência por quem mais precisa
[Lc 15,11-32]
filho prodigoLucas é o evangelista que destaca o rosto misericordioso do Pai, revelado em Jesus. O capítulo 15 mostra, através de três parábolas, aquele Pai que não quer perder ninguém. É a concretização de Is 49,15: “Por acaso uma mulher se esquecerá de sua criancinha de peito? Não se compadecerá ela do filho do seu ventre? Ainda que as mulheres se esquecessem eu não me esqueceria de ti”.
A ovelha perdida, a moeda perdida e o filho perdido lembram o grande amor do Pai que sempre está em busca, procura até encontrar. E encontrando, faz festa!
O pensamento mercantilista da sociedade contemporânea jamais concordará com a atitude do pastor: deixar as noventa e nove para buscar uma única que estava perdida. Diria o mercantilista: “Ocupa-te com os ‘bons’, com os que ‘rendem’, pois com os outros perdes teu tempo. Enfraquece-os e deixa-os morrer”. Essa mentalidade se faz presente naquela ideia de que o padre ou o agente de pastoral não tem que ficar visitando as vilas e favelas, os empobrecidos que não frequentam a igreja. Devem-se ocupar do grande grupo. Não seria melhor que uma ovelha se perca do que o rebanho todo? É a lógica do mercado. Bem lembrada a comparação: o motorista não se preocupa com o que funciona bem no carro, mas com o que está com defeito.
Ainda existem em nós atitudes farisaicas. Gostamos de resolver os ‘casos difíceis’ pela expulsão ou repressão. Já Deus opta pela reconciliação.
O filho mais velho representa aqui o fariseu que contabiliza suas práticas religiosas, mas mantém um coração longe de Deus. Sabe cumprir os mandamentos, mas não sabe amar. Não consegue entender o amor de seu pai para com o filho perdido e encontrado. Não acolhe nem perdoa. Não quer saber de seu irmão. Aliás, nem o reconhece como irmão: “Este teu filho”, diz ao pai. Como se dissesse: “Não é meu irmão”. E o pai se dirige a ele com toda ternura: “Meu filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu”.
O filho mais velho nos interpela, a nós que acreditamos viver juntos do Pai. O que estamos fazendo que não abandonamos a Igreja? Será que não estamos apenas cumprindo ritos e tarefas, talvez com medo de ir para o inferno, ou apenas por formalidade social e para manter a tradição: “Meu pai era católico... e me batizou na Igreja católica!” E a vida continua como se a religião não fizesse nenhuma diferença no cotidiano.
Precisamos reconhecer a alegria de estarmos sempre na presença de Deus, de podermos experimentar o seu amor. Sejamos como o pai que se alegra com a volta do filho que se afastou. Ajudemos as pessoas a encontrar o caminho de volta para a casa patern.
Aliás, um elemento significativo das três parábolas deste domingo é a alegria do reencontro. E uma alegria compartilhada com amigos e vizinhos. O único que se aborreceu foi o filho mais velho. Aquele que se julgava dentro de casa, que estava com o Pai. Mas não estava, visto que visava recompensa, e não vivia na gratuidade. Vivia pela lei e não pelo amor.
A alegria da volta à casa do Pai deve ser um distintivo de nossa vida cristã celebrada em comunidade. As ofensas que por vezes ocorrem precisam ser perdoadas para que nossa vida de comunidade possa ser celebrada com mais alegria. Dá o que pensar a observação de Leonardo Boff: “As pessoas de hoje não aceitam mais uma Igreja autoritária e triste, como se fosse ao próprio enterro. Mas estão abertas à saga de Jesus, ao seu sonho e aos valores evangélicos”.
Como lidamos com os afastados da comunidade? Qual tem sido nossa ação missionária junto dos mais pobres e abandonados? Com quem temos sido mais parecidos: com o Pai? Com o filho mais velho? Com o filho mais novo?

Pe. Aureliano de Moura Lima, SDN

MANHUMIRIM, MG

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