12º Domingo do Tempo Comum
[23 de junho de
2013]
CREMOS EM JESUS?
[Lc
9,18-24]
O terceiro evangelho [Lucas] narra uma grande caminhada de Jesus para
Jerusalém. Em breve [13º Domingo] a liturgia vai trazer o início desta
caminhada. Para realizarem o discipulado seus seguidores devem reconhecer sua
identidade como o Messias, Filho de Deus, e colocarem-se corajosos e confiantes
em seu seguimento até à cruz.
No
relato deste domingo notamos três aspectos que compõem este texto: 1º Após a
oração, um diálogo messiânico com os discípulos. 2º A predição da paixão. 3º Um
convite ao seguimento radical.
Em
primeiro lugar notamos que, no evangelho de Lucas, Jesus sempre toma as decisões
depois de um encontro profundo e amoroso com o Pai. Ao perguntar aos seus
discípulos sobre a compreensão que tinham dele, ele o fez depois de um momento
orante. Essa relação de intimidade de Jesus com o Pai nos ajuda a perceber a
necessidade que temos de realizar, com frequência, esse encontro.
Particularmente nos momentos decisivos de nossa história. Sem ele nossa vida cai
no vazio, na falta de sentido, e no desvio do cumprimento da vontade do
Pai.
Depois,
notamos nesse diálogo, uma confusão na compreensão da identidade de Jesus. Nos
relatos dos domingos anteriores [Lc 7,11-17; 7,36 – 8,3] vimos a busca de
identificar Jesus com “o Profeta”: “Um grande profeta apareceu no meio de nós”,
e ainda: “Se este homem fosse um profeta, saberia...”. Hoje o relato diz que
alguns identificavam Jesus com “algum dos antigos profetas que ressuscitou”. Por
aí se vê, claramente, o desejo de encontrarem aquele “Profeta” prometido [Dt
18,15].
Para
nossa alegria Pedro reconhece em Jesus de Nazaré o “Cristo de Deus”. Ele é mais
do que um profeta. Nele o Pai se revela, mostrando ao mundo sua bondade e
ternura.
Nossa
grande dificuldade é a de assumir Jesus de Nazaré como nosso Senhor. Dizer que
acreditamos nele e que recorremos a ele nas necessidades é fácil. Mas será que
ele é mesmo o centro de nossas celebrações e reuniões? Nossa vida, nossas
atitudes revelam o rosto de Jesus?
Em
segundo lugar lemos no evangelho a predição da paixão do Senhor. Os discípulos
ainda não tinham entendido a missão de Jesus. Concebiam a Jesus como um líder
político que iria livrar a Palestina das garras do poder romano. Jesus quer
mostrar-lhes que será rejeitado por parte da liderança político-religiosa do
Israel de então. Sua fidelidade incondicional ao Pai vai custar-lhe alto preço.
Mas está disposto a enfrentar o sofrimento e a morte para resgatar a humanidade
do poder do mal. Encara livremente a realidade de cruz.
O
terceiro elemento do relato de hoje está associado ao segundo: a dimensão da
cruz. O discípulo de Jesus não estará isento da cruz. Não há como colocar-se no
seguimento de Jesus sem disposição de deixar para trás um modo de vida egoísta,
ganancioso, acomodado. Podemos até chamar a Jesus de Mestre. Mas isso não fará
nenhum sentido se não nos comportarmos como discípulos seus. O discipulado
cristão exige um despojamento constante e uma perseverante atitude de conversão
cotidiana: “Tomar a cruz a cada dia”.
“Confessamo-lo
abertamente como Deus e Senhor nosso, mas às vezes Ele não significa quase nada
nas atitudes que inspiram nossa vida. Por isso, é bom ouvir sinceramente sua
pergunta: ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’ Na realidade, quem é Jesus para nós?
Que lugar ele ocupa em nossa vida diária?” [Pe. Antônio Pagola, O caminho
aberto por Jesus, p. 150].
Pe. Aureliano de Moura Lima,
SDN
MANHUMIRIM,
MG
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